Devem ser capazes de trazer valor à comunidade, dar voz à comunidade, e ser feitos a pensar na comunidade.
O valor vem, não só do que é falado durante as apresentações, mas também do que é falado fora delas. Trocar uma
sessão de Q&A ou Networking por mais uma ou duas apresentações, apesar de tornar a lista de acontecimentos maior,
não vai trazer mais valor ao evento.
Nos eventos que organizei no passado, percebi que as palestras/workshops são apenas metade do
valor que os participantes tiram do evento, sendo que a outra metade está na interação tanto com os palestrantes
como com a restante comunidade presente no evento. É nestas sessões de Q&A e networking que um participante pode
fazer questões mais específicas, ou encontrar um grupo de pessoas que partilham os mesmos interesses, ou até, quem
sabe, encontrar uma empresa que precisa de alguém com o seu perfil.
Um evento que se diga "para a comunidade" não pode ser um evento onde mais de metade dos palestrantes/anfitriões
venham de fora dessa mesma comunidade. Isto não dá voz à comunidade.
A comunidade local (primeiro Regional, depois Nacional) onde o evento acontece deve ser sempre o foco do evento.
Não significa que não se deva trazer ao Algarve uma palestra sobre Trás-os-Montes, ou que um palestrante de
Marketing não deva falar num evento de Design. Pode-se (e deve-se) trazer diversidade, mas o equilíbrio é
fundamental. Pode-se trazer ao Porto dois palestrantes de Lisboa, mas nesse caso (e sempre que possível) deve-se
equilibrar o evento com pelo menos dois palestrantes da zona do Porto!
Por fim, o evento deve ser feito a pensar na comunidade.
Obviamente, nem todos os eventos podem ser gratuitos, mas não significa que possam ser desproporcionais à
capacidade financeira da comunidade.
Se é criado um evento numa zona do país onde exista um grande fluxo de estudantes focados no tema praticado, esse
evento deve ter em atenção a capacidade financeira dos estudantes e recém-graduados, e deve, então, ajustar os
seus preços de modo a que seja possível que estes grupos de pessoas estejam presentes. Existem formas de baixar o
preço de um evento, seja através de ajudas da Câmara Municipal, seja com parcerias com empresas locais. Deve
também ser feito fora de hora de trabalho/aulas, permitindo assim que mais pessoas consigam estar presentes. E por
fim, deve trazer variedade no grau de complexidade das palestras, um evento para a comunidade não é um evento para
especialistas. Por exemplo, a comunidade de designers no Algarve tem estudantes, juniores, seniores e professores,
então, um evento para a comunidade deve ser capaz de se estender a todos os cantos da mesma.
A melhor ferramenta para criar eventos para a comunidade são as pessoas que fazem parte dessa mesma comunidade.
